Depois do Casulo...
A lagarta vive sua vida de lagarta conformada (feliz?) e não sabe que existe vida pós lagarta. Quando as borboletas falam pra ela que já foram como ela, ela acha graça e pensa que borboletas são serezinhos borboleteantes e desmemoriados que imaginam que já foram lagarta um dia... como se fosse possível uma lagarta, veja bem, uma lagarta! rastejante, esquisitona, presa ao chão, sempre rastejante, (até meio nojentinha, bem sabe ela) se tornar uma espetacular borboleta de asas coloridas, asas voejantes, suaves e transparentes, de voos livres e de uma leveza que parece uma fada feliz!
Pois bem, chega a hora que uma força estranha empurra a lagarta, cutuca sua existência de lagarta e sussurra aos seus ouvidos: vai, constrói um casulo, fecha-se nele e espera. A lagarta meio que se desespera, está bem com sua vida de lagarta, conhece bem o chão onde rasteja, não quer esse transtorno todo. Pra que isso agora? As borboletas ao redor dela falam: vai, a gente já passou por isso! É estranho, é esquisito, é solitário, é meio triste até, mas... tem coisa depois do casulo.
A lagarta não quer, mas chega um momento que não tem mais opção: ou morre como lagarta ou faz o que as borboletas chamam de “transição”. E lá vai ela, impulsionada pelo que nem ela entende direito, escolhe um lugarzinho, tece fios (que ela nem sabia q podia tecer) que se emaranham e se embaraçam nela, se confundem com ela, que a sufocam e encapsulam sua existência de lagarta. Ela ainda é uma lagarta, mas também não é mais. É lagarta + casulo. Lá dentro, o medo vai passando, ela vai sentindo um certo calor, um certo conforto, dentro do casulo é silencioso, ela tem q ouvir o que está lá dentro do seu corpinho de lagarta. Algumas coisas gritam e a deixam assustada. Outras soam macias e confiantes e lhe dão esperança. Assim, meio confusa, meio espantada, meio esperançosa, a lagarta toma seu tempo. E tempo é rei, tempo é senhor de tudo. E, no tempo certo, a lagarta sente necessidade de romper o casulo e se sente confiante para tentar. O final da história você já sabe: enquanto estava no casulo, a lagarta se transformou numa linda, leve e livre borboleta.
O que você talvez não saiba é que a lagarta sofre pra virar borboleta. Que a transformação dói, incomoda. E que a lagarta passa por isso sem saber o que vem depois, é uma aposta no escuro. E que a lagarta, dentro do casulo, o tempo inteiro questiona se a vida de lagarta não era melhor que esse casulo. E que a lagarta sente até saudade de ser apenas um serzinho rastejante.
E o que você talvez também não saiba é que não existe nenhuma lagarta que tenha se arrependido de se transformar em borboleta e queira voltar atrás. Porque a coisa mais importante que a lagarta aprende é que virar borboleta é o único jeito de continuar viva. E que, depois do casulo, o melhor da vida acontece!
Vida Longa e Boa Sorte!
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